sexta-feira, 4 de setembro de 2015

GR-94 Sendero Rural de Galicia

Santiago de Compostela - Vigo
Distância percorrida: 118 km

Como referi no post anterior queria aproveitar a minha presença na Galiza para realizar mais uma travessia. Desde há uns anos que sabia da existência deste Sendero de Gran Recorrido quando me chegou às mão um guia dos percursos pedestres da Galiza. E como este começa na Catedral de Santiago porque não aproveitar a peregrinação e vir até Vigo. Como não há comboios directos para o Porto, teria de parar mesmo em Vigo. Assim, juntei o útil ao agradável.





O track GPS que segui foi este:


A travessia foi feita em 2 dias. Parti da catedral de Santiago ao amanhecer. Como não sei se existe algum painel de início de rota, comecei por seguir o track da TurGalicia. Os kms iniciais foram feitos pelas artérias da cidade e foi já à saída que encontrei o primeiro sinal.


O trajecto decorre por zonas rurais e atravessa pequenas aldeias. Passei por muitas áreas de floresta e bosques. Era uma verdadeira delícia percorrer os trilhos acolchoados com caruma dos pinheiros e ladeados por uma imensidão de verde.



O meu receio inicial de não conseguir passar em alguma zona foi-se dissipando com o evoluir da rota. Houve muito sítio em que preferi desmontar e levar a bicicleta à mão, mas pelo menos conseguia levá-la, o que nem sempre é possível nestas rotas pedestres. Aliás o guia descreve a rota como sendo parcialmente ciclável. Quando encontrava vegetação a mais (silvas) foi sempre possível escolher outro caminho lateral e ir retomar a rota mais à frente. Fiquei surpreendido com a quantidade de trilhos que encontrei nesta região. Houve cruzamentos que tinham 4 ou 5 possíveis derivações.
A sinalização tem um aspecto e dimensão ligeiramente diferentes do que se encontra em Portugal.


Apesar de estar sinalizada em toda a sua extensão, não está isenta de falhas. A recomendação é portanto que se use GPS ou um mapa detalhado.
Os serviços que há nas aldeias são raros. De restauração não vi um único. Cafés passei por alguns. O melhor mesmo é ir provido de alimentação.
Na aproximação às cidades de Pontevedra e Redondela as paisagens sobre a ria de Vigo são magníficas.

Ria de Vigo
Ria de Vigo
O balanço que faço desta rota é positivo. Considero-a de grau difícil. As paisagens que se observam e a natureza em estado puro da Galiza compensam as dificuldades.

A Guia, Vigo
Para regressar a Portugal usei o comboio Celta que faz a ligação Porto-Vigo. Como desconhecia que Vigo tem 2 estações de Comboio, fui primeiro à estação de Urzáiz. Aqui informaram-me que é na estação de Guixar (a que fica mais perto do mar) que se apanha este comboio. Viajei com um casal de cicloturistas holandeses e foi uma pequena aventura viajar com as bicicletas, já que tivemos que mudar de carruagem em cima da hora de partida. 







quarta-feira, 2 de setembro de 2015

Caminho Português do Este - Epílogo

Credencial de peregrino
A Compostela

O álbum completo em:
Caminho Português de Santiago do Este

O percurso da peregrinação:





Para finalizar devo realçar o seguinte:
- Fora das zonas sinalizadas o percurso foi feito por estrada asfaltada. Não vejo isto como uma desvantagem. Bem pelo contrário, era um privilégio terminar fresco os meus 80/90 kms diários a meio da tarde e ficar com o restante do dia para visitar as vilas e cidades onde iria pernoitar que são ricas em história e património. Este Caminho é também apelidado em França de Rota dos Castelos e há razões para tal. Também é neste prisma que vejo as peregrinações a Santiago: turismo religioso. Não me interessava andar a correr contra o relógio nem a fazer o maior número de kms possível. Para isso tenho as maratonas e as provas de resistência.
- O track da peregrinação final é primeiro que tudo o resultado da minha experiência pessoal. Outro peregrino com um maior conhecimento das zonas poderá escolher caminhos e trilhos rurais longe do asfalto. Peregrino vem de peregrinus, a contracção latina de per(através) e ager (terra, campo).
- Em algumas zonas podia ter enveredado por caminhos de terra em vez do asfalto. É um facto. Mas também é um risco aventurar-me no desconhecido e chegar a uma cerca que me impeça a passagem ou invadir propriedade privada. Este trabalho de levantamento de possíveis caminhos para integrarem o Caminho de Santiago vai ter de ser feito pelos municípios e associações locais, a exemplo do que já fizeram e muito bem os municípios de Alter do Chão, Crato, Nisa e Fundão.
- É possível que haja mais segmentos do Caminho que estejam sinalizados e que eu não segui. Recordo-me por exemplo da chegada a Alter do Chão em que a sinalização já vinha de trás; ou de Belmonte, em que há sinalização na sua periferia e que eu não segui.

Saudações peregrinas!

Caminho Português do Este - Dia 14

Castro-Dozón - Santiago de Compostela
Distância percorrida: 68,7 km


Hoje era o último dia da peregrinação, o dia da chegada a Santiago de Compostela e à catedral do apóstolo Santiago. Fui o último peregrino a sair do albergue, já perto das 8H mas depressa ultrapassei os meus colegas de albergue pois ia de bicicleta. Já conhecia o que restava de Caminho até Santiago de Compostela. Neste dia, tal como no anterior andei por muitas zonas de bosque.



Em Bandeira tive de parar para ir comprar pilhas para o GPS. Depois da passagem do rio Ulla fiz um pequeno desvio para ir a uma superficie comercial comprar mantimentos.

Rio Ulla
Já nas proximidades de Santiago passei por um memorial às vítimas do acidente de comboio.


Os kms que faltavam para Santiago eram cada vez menos e as torres da catedral já se viam ao longe.

Torres da catedral ao longe
Cheguei à catedral cerca das 15H e como não podia deixar de ser peço a uma peregrina para registar o momento para a posteridade.


Depois dirigi-me de imediato para o sítio onde pretendia pernoitar: o albergue do Monte do Gozo. Fiz o check-in e instalei-me, arrumei a bicicleta, lavei alguma roupa e pus a secar ao ar livre e depois regressei a pé a Santiago. Primeiramente fui à Oficina do Peregrino levantar a minha Compostela. Depois fui à biblioteca municipal para usar a internet. No regresso para o albergue passei num supermercado para compra do jantar.
Apesar deste albergue ser referido como estando em Santiago, a verdade é que fica fora da cidade a cerca de 4 km da catedral. É mais usado sobretudo pelos peregrinos do Caminho Francês. Para um peregrino que chega cansado se calhar fica mais em conta ficar num dos albergues privados da cidade, ainda que tenhamos que pagar mais que os 6€ no Monte do Gozo.
No dia seguinte não tencionava ainda regressar a Portugal. Queria aproveitar a minha presença na Galiza para realizar mais uma travessia: a GR-94 Sendero Rural de Galicia, 118 km a ligar Santiago de Compostela a Vigo.








terça-feira, 1 de setembro de 2015

Caminho Português do Este - Dia 13

Allariz - Castro-Dozón
Distância percorrida: 56,8 km


Ainda antes de sair de Allariz atravessei o rio Arnoia.

Rio Arnoia
Em Coira andei à procura da sinalização o que me levou a atravessar toda a aldeia e a ter de voltar atrás. Como não a encontrei decidi seguir o track do Caminho Sanabrês que levava comigo. Este troço estava em muito más condições com a vegetação a querer invadir por completo o trilho. Nota-se que já não passava por aqui vivalma há algum tempo. Além disso não era sinalizado. Foi um erro ter levado este track, pois tem muitas e longas partes que são fora do Caminho oficial sinalizado. Devia ter conferido primeiro o seu traçado. Não o recomendo. Só em Cumial voltaria a encontrar a sinalização e pelo que vi era proveniente de outra rua.


Em Seixalbo parei na panadaria Roberto para comprar empanadas de atum e carimbar a credencial. A partir desta zona as duas variantes do Caminho juntam-se e o Caminho segue para Ourense. Atravessei esta cidade na hora de almoço e não foi fácil circular com tanto trânsito. Aqui, estando eu de bicicleta, não há hipótese de seguir pela sinalização já que esta está nos passeios no chão. Assim, guiei-me pelo track do Caminho do Interior.
Uma novidade que encontrei foi a fonte do Santo com placa a assinalar um pequeno desvio que vale a pena fazer.


Almocei em Cea um bocadillo no bar "O Camiño" e carimbei. À saída desta localidade há 2 opções de continuação: uma mais longa que passa por Oseira e outra mais curta que passa por Piñor. Como já tinha feito a primeira, resolvi seguir a segunda, por Piñor.


Foi uma boa opção pois as paisagens e natureza são muito boas. Neste dia iria até Castro-Dozón. Não me sentia em condições físicas para andar até Laxe, que era o objectivo inicial para este dia. Assim iria repetir a estadia no albergue de Castro-Dozón, contrariamente ao que tinha planeado na início da peregrinação que era não ficar em albergues onde já tivesse estado.

Castro-Dozón
Albergue de Castro-Dozón
O albergue estava bem composto de peregrinos. Eu era o único bicigrino. 











segunda-feira, 31 de agosto de 2015

Caminho Português do Este - Dia 12

Chaves - Allariz
Distância percorrida: 82 km

Ainda antes de sair de Chaves passo no turismo onde carimbo a minha credencial. No dia anterior fiz um pequeno reconhecimento do Caminho dentro da cidade. Assim não aconteceu como da primeira vez que aqui passei quando fiz o Caminho do Interior.

Rio Tâmega em Chaves
Depois de passar pelo Parque Empresarial de Chaves, a saída de Portugal faz-se por Vilarelho da Raia. Esta terra possui um albergue pertencente a uma associação local.
Verin foi a primeira cidade espanhola por onde passei. Aqui tinha 2 opções: continuar para norte até Laza e ir apanhar o Caminho Sanabrês, ou seguir para este e tomar a variante por Xinzo de Limia e Allariz. Foi esta última que fiz. A principal razão foi para não repetir o percurso que fiz no Caminho do Interior.

Castelo de Monterrey
A seguir a Infesta subo até aos 860m por estradas de terra florestais e agrícolas. Encontro cenários bucólicas e paisagens que convidam à contemplação. 
Sigo por uma série de longas rectas planas em terra a perder de vista. Até agora estava a ser um dos melhores dias da peregrinação.


Em Xinzo de Limia perdi a sinalização, só a voltando a encontrar na chegada a Sandiás. Antes de chegar a Paio Cordeiro sigo por um trilho espectacular pelos bosques, que é também sendero sinalizado.


O dia termina em Allariz onde fico alojado no albergue do convento. E que albergue! Quando pensava que já tinha estado no melhor albergue, eis que fico num ainda melhor. Situado num antigo convento, o albergue tem 2 pisos: o superior onde ficam os dormitórios e o inferior onde há uma ampla sala de estar e refeições e uma cozinha bem equipada. Gostei bastante das condições e recomendo este albergue. Consultem o seguinte site.




domingo, 30 de agosto de 2015

Caminho Português do Este - Dia 11

Vila Flor - Chaves
Distância percorrida: 76,4 km


Saí de Vila Flor pela N215 e continuei pela N213 até Mirandela. Nesta cidade encontrei o posto de turismo encerrado. Foi aqui que almocei.

Rio Tua em Mirandela
Valpaços era a próxima cidade a alcançar. Era Domingo e quando lá cheguei deparei-me com várias ruas interditas ao trânsito. Estava a decorrer uma prova de ciclismo em circuito urbano. Era o circuito de Nossa S.ª da Saúde em ciclismo. 

Prova de ciclismo em Valpaços
Isto obrigou-me a alterar a rota inicialmente prevista que trazia de casa. Fui à Loja Interativa de Turismo mas não consegui carimbo. Entre Valpaços e Chaves segui sempre pela N213.

Chaves já se avista
Em Chaves voltei a encontrar sinalização. É a do Caminho Português do Interior que vem desde Viseu. A partir daqui iria seguir este Caminho em Portugal.

Sinalização do Caminho do Interior
Fiquei alojado nos Bombeiros Voluntários de Chaves. Comigo estavam duas peregrinas polacas que estavam a fazer o Caminho do Algarve com começo em Faro e já iam na 4ª semana de caminhada. 


sábado, 29 de agosto de 2015

Caminho Português do Este - Dia 10

Zona de Castelo Rodrigo - Vila Flor
Distância percorrida: 75,7 km


Em Figueira de Castelo Rodrigo parei para tomar o pequeno-almoço. Depois passei no turismo mas não tinham carimbo. Continuei primeiro pela N332 e depois pela N222. Na zona de Castelo Melhor tive um furo na roda da frente o que me obrigou a trocar de câmara de ar.

Castelo Melhor e o seu castelo
Depois começo a aproximar-me do rio Douro e da foz do Côa, região já minha conhecida desde que fizera a Grande Rota do Côa.

Rio Douro
Depois de passar a ponte sobre o Côa virei à direita e segui por estrada de terra com declive bastante acentuado até chegar à rua do Museu. Depois virei à esquerda para o centro de Vila Nova de Foz Côa.

Rio Côa
Cheguei a Foz Côa na hora do almoço e encontrei o turismo fechado. Resolvi continuar e segui pelo track Gpsies que levava. A seguir ao Pocinho atravessei o Douro e ainda assisti à mudança de nível de navegação de um barco de cruzeiro.

Cruzeiro no Douro
Depois segui pela estrada que bordeja o rio Douro até à Foz do Sabor.

Rio Douro
Atravessei a ponte sobre o Sabor e segui pela sua margem esquerda alguns kms.

Rio Sabor
Perto da povoação de Junqueira virei à esquerda para Vila Flor seguindo pela N215. Foram 10 km massacrantes sempre a subir debaixo de um Sol inclemente. Estava com o bidon vazio e não havia fontes nas bermas da estrada nem cafés onde arranjar água. Foi dos momentos mais custosos desde o início da peregrinação. Nem na Gardunha nem na Estrela havia sofrido tanto. Se não fosse a minha fé no apóstolo Santiago não sei se teria conseguido! Já perto da vila pedi aos proprietários de uma quinta se me podiam arranjar água, o que fizeram. 

Vila Flor
Em Vila Flor fui ao turismo para carimbar a credencial, mas não tive sorte. Aproveitei e informei-me sobre o parque de campismo municipal onde pretendia pernoitar nessa noite. Depois de me instalar no parque ainda pude usufruir gratuitamente das magníficas piscinas municipais ao ar livre, vizinhas do parque. Gostei bastante do parque e da zona envolvente à barragem do Peneireiro. Espera cá voltar no futuro. E para terminar digo que paguei uma quantia irrisória para uma época alta numa zona que tem tanto para oferecer.

Parque de campismo de Vila Flor







sexta-feira, 28 de agosto de 2015

Caminho Português do Este - Dia 9

Zona de Peraboa - Zona de Castelo Rodrigo
Distância percorrida: 98,8 km


Belmonte foi o primeiro ponto de interesse para este dia. Na aproximação à vila passei por uma placa indicadora do Caminho de Santiago, mas depois não vi as necessárias setas amarelas.

À passagem pela Câmara Municipal carimbei a minha credencial e depois subi até ao castelo. Perto do monumento está a igreja de Santiago, de visita obrigatória para o peregrino de Santiago e com um carimbo para o efeito. Na sua fachada está uma escultura de Santiago peregrino.
Igreja de Santiago
O pequeno-almoço foi tomado num café no Ginjal. Depois continuei pela N18 e virei à esquerda para Gonçalo. A partir daqui foi sempre a subir serra da Estrela acima. Passei por Seixo Amarelo e depois por Vale da Estrela.
Seixo Amarelo
Tal como no dia anterior, hoje subi até aos 980m de altitude. Almocei no restaurante Vale dos Moinhos à saída de Vale da Estrela. Não consegui carimbo. Guarda, a cidade mais alta de Portugal foi o meu próximo ponto de passagem. Passei na Câmara Municipal para carimbar a credencial, mas como não foi fácil conseguir o carimbo resolvi ir antes ao Guarda Welcome Center. Bem perto deste centro fica a Sé.

Sé da Guarda
Da Guarda até Pinhel foi um tiro. Segui pela N221 com piso bom e estrada quase plana. Fui quase sempre com pedaleira grande e rodas pequenas. Ainda houve tempo para apreciar uma anta.

Anta da Pêra do Moço
Fui ao turismo de Pinhel, mas não tinham carimbo. Depois fui à Câmara municipal que fica próximo. Depois de Pinhel fiz uma longa descida por estrada panorâmica com vistas para o rio Côa. Já conhecia esta zona de quando percorri a Grande Rota do Côa.

Rio Côa
Depois de passar a ponte sobre o Côa virei à direita seguindo por estrada asfaltada para a aldeia de Bizarril. Do lado direita pude avistar uma mini-hídrica e a capela de Nossa S.ª de Monforte.

Capela de Nossa S.ª de Monforte
A seguir a Bizarril fui retomar a N221 e fiquei-me pela zona de Castelo Rodrigo neste dia que já ia longo.